Desde a década de 80, pelo trabalho na Comissão Pastoral da Terra(logo), temos nos defrontado com o poder Judiciário Brasileiro. E praticamente só temos más recordações. De 1985 a 2016 foram registrados 1834 assassinatos no campo, somente 112 foram levados a julgamento e, desses, somente 31 mandantes foram condenados e oito já foram soltos (Banco de Dados da CPT).
O Barão de Jeremoabo, escravista, tão autoritário quanto sagaz, adaptando Maquiavel à realidade sertaneja de seu tempo, já dizia: “aos amigos tudo, aos inimigos a lei”.
O Judiciário Brasileiro é o mais classista e reacionário dos poderes brasileiros. Aqui pelo Nordeste, além de prefeitos, deputados, senadores, governadores, as famílias tradicionais sempre controlaram o judiciário com seus advogados, juízes, desembargadores e ministros. Portanto, um instrumento de preservação do poder das classes dominantes.
Hoje, com concurso para ingressar na carreira, temos alguns juízes que vieram de outros extratos sociais, mas continuam exceções. A única instância do Judiciário mais próxima dos trabalhadores era a Justiça do Trabalho, exatamente por isso está sendo extinta.
Aprendemos rapidamente que quem faz as leis é o poder econômico, embora sob a máscara do Legislativo. Mas, também, “quem aplica a lei é o juiz”. Numa cidade, a maior autoridade é o juiz. Se ele decidir lhe prender arbitrariamente, você não tem a quem recorrer, a não ser a instâncias superiores, espaço de seus amigos e colegas. Por isso, nosso povo morre de medo dos juízes. Somos capazes até de questionar Deus, mas não o juiz.
Esse poder de aplicar a lei ficou evidente agora no julgamento de Lula no TRF4. O caso de Lula passou à frente de 257 outros casos que estavam pendentes. O desembargador quis, funcionou.
Além do mais, o Judiciário é uma casta de privilegiados. Não são eleitos, são inalcançáveis para o cidadão comum e ganham nababescamente. O salário de cada um dos juízes que condenou Lula ultrapassa 30 mil reais líquidos (bruto chega a 40 ou até 50 mil reais), muitas vezes ultrapassando esse teto. Portanto, com essa remuneração, em dez meses qualquer um deles pode comprar um tríplex que a OAS teria dado a Lula.
Enfim, precisamos saber que atravessamos um golpe de estado, não um passeio na praia no final de semana. Porém, está claro que já passou da hora de montarmos uma estratégia de desmascaramento do judiciário, assim como fazemos com os outros poderes. Caso contrário, sempre estaremos a mercê de suas arbitrariedades.
OBS: Rosângela Morro celebrou o impedimento de Lula ir à Etiópia para um evento da FAO de combate à fome com a seguinte frase: “A liberdade tem limites que a Justiça impõe”.
Acontece que o programa brasileiro de combate à fome é referência no mundo, assim como o do combate à sede construído aqui no Nordeste pela Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA). Aqui reside o abismo que nos separa, isto é, enquanto algumas pessoas estão preocupadas em resolver a fome e a sede no mundo, outras celebram o boicote em nome da lei e da justiça.
(Roberto Malvezzi-Gogò )
Dagli anni '80, con il lavoro nella Commissione Pastorale della Terra abbiamo avuto modo di conoscere il potere giudiziario brasiliano. E nei fatti ne abbiamo solo brutti ricordi. Dal 1985 al 2016 si sono registrati ben 1834 omicidi nel paese,di cui solo 112 hanno avuto regolare processo, e di questi solo 31 indiziati hanno avuto come esito una condanna mentre 8 sono stati rilasciati (CPT Database).
Il barone di Jeremoabo, uno schiavo, per quanto autorevole potesse essere, adattando Machiavelli alla realtà sertaneja del suo tempo, aveva già detto: "agli amici tutto, ai nemici la legge".
La magistratura brasiliana è la più reazionaria dei poteri brasiliani esistenti. Qui nel Nord-Est: sindaci, deputati, senatori, governatori, famiglie tradizionali, tutte protette dai propri avvocati, giudici, magistrati e ministri. Pertanto rappresentano uno strumento di conservazione del potere delle classi dominanti.
Oggi, con l’obiettivo di fare carriera, abbiamo alcuni giudici che provengono da altri strati sociali ma essi rimangono delle eccezioni nel complesso della società.
L'unico caso di magistrato di modesta estrazione sociale è semmai il giudice del lavoro, proprio perché è oggetto di estinzione.
Abbiamo imparato rapidamente che chi fa le leggi è il potere economico, anche se in veste di legislatore. Ma abbiamo imparato anche "colui che fa rispettare la legge è il giudice". In una città, la massima autorità è il giudice. Se decide arbitrariamente di arrestare, può farlo. Ci vorranno più gradi di giudizio per accertare la verità. Pertanto la nostra gente muore di paura a causa dei giudici. Siamo persino in grado di mettere in discussione Dio, ma non il giudice.
Questo potere di far rispettare la legge era ora evidente nel processo di Lula in TRF4. Il caso di Lula era precedente a 257 altri casi pendenti. Il giudice voleva, ha funzionato.
Inoltre, la magistratura è una casta privilegiata. Non sono eletti, sono irraggiungibili per il cittadino comune e vivono da nababbi. Lo stipendio di ciascuno dei giudici che hanno tratto in giudizio Lula supera i 30 mila reali netti effettivi (raggiunge lordi 40 o 50 mila reali), spesso superando il cosidetto massimale. Così, con questo passo, in dieci mesi uno di loro può acquistare un triplex che l'OEA avrebbe dato a Lula.
Infine, abbiamo bisogno di essere consapevoli che stiamo attraversando quello che si può definire un autentico colpo di Stato, non una passeggiata sulla spiaggia durante il fine settimana.
Tuttavia è chiaro che abbiamo istituito una strategia di smascheramento giudiziaria, come facciamo con gli altri poteri. Altrimenti,saremo sempre in balia della loro arbitrarietà.
NOTA: Rosangela Morro ha impedito a Lula di andare in Etiopia per un evento della FAO contro la fame con la seguente motivazione: "La libertà ha dei limiti che la giustizia richiede"
Si scopre poi che il programma brasiliano contro la fame è un riferimento importante nel mondo, così come la sede di lotta messa in piedi qui nel Nord-Est dalla Articolazione nella brasiliana Semiarido (ASA). Qui sta l'abisso che ci separa, cioè, mentre alcune persone sono interessate a risolvere la fame e la sete nel mondo, altri celebrano il boicottaggio in nome della legge e della giustizia. (Testo di Roberto Malvezzi )
traduzione a cura di Marianna Micheluzzi (Ukundimana)
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